Paranaense Santa Terezinha conclui compra da Usaciga
Data: 24/05/2010
Caderno: Agronegócios
De São Paulo
Paranaense Santa Terezinha conclui compra da Usaciga
Após meses de negociação, o grupo paranaense Santa Terezinha conseguiu concluir a compra da conterrânea Usaciga Açúcar, Álcool e Energia Elétrica SA, pertencente à família Barea. Os ativos incluem uma usina em Cidade Gaúcha (PR) e um projeto “greenfield”, paralisado, em Eldorado (MS).
A aquisição já estava no radar da Santa Terezinha, que no fim do segundo semestre de 2009, deu o primeiro passo ao arrendar, com opção de compra, a Usaciga. Desde então, a empresa, que está entre os maiores grupos sucroalcooleiros do Centro-Sul, passou a ser interlocutora direta da Usaciga com seus credores, a maior parte, bancos. A renegociação com essas instituições financeiras era pré-condição para a aquisição da empresa.
Procurada, a Santa Terezinha não se pronunciou. O valor do negócio também não foi revelado. Mas, segundo estimativas de mercado, os ativos industriais da Usaciga, que tem capacidade de moagem de 2,3 milhões de toneladas de cana por ano, estão avaliados em US$ 230 milhões – considerando o preço médio de US$ 100 por tonelada instalada.
No ano passado, os sócios da Usaciga – família Barea (51%) e a empresa de investimentos Clean Energy Brasil (49%) – anunciaram ao mercado que estavam em dificuldades financeiras e que precisam de um sócio estratégico.
Assim, antes de fazer a aquisição, a Santa Terezinha teve que repactuar a dívida de forma a ajustá-la ao fluxo de caixa ativo da Usaciga. Segundo apurou o Valor, a dívida era quase toda de curto prazo, sendo R$ 100 milhões em moeda nacional e cerca de US$ 60 milhões em moeda estrangeira.
“A decisão de adquirir a Usaciga dependia da qualidade da renegociação dos débitos. Era fundamental que não comprometesse a necessidade de investimento da usina”, afirmou Ricardo Ferreira de Macedo, sócio da Brasil Pereira Neto Galdino Macedo Advogados (BPGM), responsável por estruturar o arrendamento com opção de compra, a renegociação da dívida e a aquisição da Usaciga.
O foco da Santa Terezinha agora é a conclusão da compra da Coocarol (Cooperativa Agroindustrial dos Produtores de Cana), de Rondon (PR), também arrendada em 2008 pela empresa.
Como já tinha “incorporado” a capacidade de processamento de cana das duas usinas – Usaciga e Coocarol – por meio do arrendamento, a Santa Terezinha não muda, com a compra da Usaciga, a sua estimativa de moagem de cana para esta safra, que será de 18 milhões de toneladas, ante as 14,2 milhões de 2009/10.
Segundo fontes de mercado, o empresa não se interessa pela usina Paraná, localizada em Eldorado (MS) e que foi adquirida no pacote Usaciga. Trata-se de um projeto “greenfield” para moagem de 3,5 milhões de toneladas e que já estaria 40% construído. O grupo vem se fortalecendo entre os maiores do setor sucroalcooleiros do país e já esta à frente de outras grandes empresas, como a São Martinho, que deve moer no próximo ciclo 14 milhões de toneladas de cana, e a Açúcar Guarani, que deve processar 16 milhões de toneladas no ciclo atual.
Maior consolidador do Estado, com moagem de 40% da cana paranaense, o grupo Santa Terezinha tem participação majoritária em dois terminais portuários – um de açúcar, a Pasa (Paraná Operações Portuárias), e outro de álcool, o Álcool do Paraná Terminal Portuário SA, e também é acionista de uma das maiores tradings nacionais, a CPA Trading. (FB)